sábado, 21 de julho de 2012

Era um dia qualquer...


Talvez fosse um dia normal, talvez fosse um dia especial... Ou seria um daqueles dias escuramente melancólicos? Não me importava...

Não me lembrava de tanta dor assim em meu passado... Minha cabeça latejava como gritos de prisioneiros do inferno. Não conseguia ouvir qualquer fosse o ruído próximo a mim. Não conseguia sequer pensar...

Não importava quantas vezes eu rolasse no chão enlameado, quantas vezes eu gritasse, o quão forte eu apertasse minha cabeça... A dor não parava.

Não era uma simples dor... Vozes a acompanhavam.
Não eram vozes conhecidas... Não eram palavras certas... Elas diziam tudo... E nada.

Eu não entendia... Não entendia qualquer coisa. Não entendia minha cabeça, não entendia a dor, não entendia meus dedos, não entendia minhas mãos, não entendia meu corpo, não entendia meus gritos ou minhas lágrimas, não entendia o chão, a lama, as gotas gélidas, o clima indiferente, as luzes fracas por entre as copas das árvores, as vozes...

Por que tinha de doer tanto?! O que eu teria feito pra ter aquilo?!

Eu poderia não estar sentindo qualquer coisa... A dor poderia ser apenas reflexo das vozes...
Eu poderia não estar ouvindo qualquer coisa... Eu poderia ser mais de uma pessoa...

Eu não entendia...                                                                                              Deveria entender?

terça-feira, 17 de julho de 2012

Abri meus olhos pela primeira vez...


Ou foi a primeira vez que percebi meus olhos abertos?
Não. Eles sempre estiveram abertos. Pelo menos até o céu fechar naquela tarde...
Ou era cedo?
Bem... Se dava para ver as nuvens então não era noite.

Meus olhos... Que cor eles seriam?

Não devia ter olhos... Pelo menos não quando a primeira gota de chuva caiu. Nem rosto. Talvez até tivesse, mas não os sentia. Afinal, tudo o que eu sabia naquele momento era a sensação estranha e aparente de um rosto de papel machê se ensopando sob a chuva dos condenados.

Minhas memórias eram poucas...